domingo, 27 de junho de 2010

Noel Rosa - 100 anos

Entre as maiores relíquias da nossa música, está Noel Rosa, que faria cem anos em 2010. Há inúmeras (e merecidas) homenagens, eu destaco o CD "Noel Rosa Cem Anos de Celebração", que a gravadora Som Livre está lançando. São 18 fonogramas nesta compilação, cujo encarte traz as letras das canções. Imperdível para os amantes do bom samba. Eu senti a falta de duas grandes intérpretes: Aracy de Almeida e Gal Costa. O carioca Noel, o poeta da Vila, esbanjava talento raro, e é considerado por muitos "o maior de todos os sambistas". Confira as músicas e os intérpretes que compõem este disco:
1. Feitiço da Vila - Martinho da Vila
2. Fita amarela - Zeca Pagodinho
3. De babado - João Nogueira e Alcione
4. Filosofia - Chico Buarque
5. João ninguém - Tom Jobim
6. Último desejo - Ney Matogrosso e Raphael Rabello
7. Onde está a honestidade? - Beth Carvalho
8. Meu barracão - Maria Bethânia
9. Feitio de oração - Clara Nunes
10. Palpite infeliz - Joyce Moreno
11. Adeus- Toquinho & Vinícius
12. Conversa de botequim - Moreira da Silva
13. As pastorinhas - Baden Powell
14. Pra que mentir? - Caetano Veloso
15. Três apitos - Ney Matogrosso
16. O x do problema - Roberta Sá
17. Gago apaixonado - João Nogueira
18. Com que roupa? - Zeca pagodinho e Caetano Veloso

Bilão da Canção

Falar dele é até redundante, eu creio que até quem não gosta de samba conhece o Bilão. Nos últimos vinte anos esteve sempre em evidência, graças a Deus, tocando e cantando em quase todos os bairros de Belém do Pará, além das cidades do interior. Um sucesso absoluto também como compositor, autor dos clássicos "Rosa branca", "Conceitos" e outros. As maiores virtudes deste grande músico, pra mim, se resumem  em duas palavras: Coerência e Dignidade. Ele jamais se deixou levar pela mídia, que insiste em promover esses grupinhos que tocam "Xarope" em todos os cantos da cidade. Ele se mantém fiel ao samba de qualidade de Almir Guineto, Arlindo Cruz, Sombrinha e dos nossos mestres Candeia, Paulinho da Viola, Cartola e Nelson Cavaquinho. Talentoso, dono de um estilo firme e descontraído, ele tem um número imenso de seguidores. Pagode do Bilão é sinônimo de casa lotada, seja onde for. Os versos deste samba de Arlindo Cruz e Almir Guineto parece que foram feitos sob encomenda pra ele:
"Meu samba não é um modismo que vem e vai,
Meu samba enfrenta a fúria dos vendavais
Meu samba é uma tinta que mancha e nunca sai
Quem samba não esquece mais"

Clube do Samba

Há 19 anos nascia, com o título "Samba e outros pagodes", um programa de rádio apresentado pelo saudoso Nazareno Silva. Mas, depois de uma visita da D. Zica da Mangueira o programa mudou de nome e passou a se chamar "Clube do Samba" e é um marco na história do rádio paraense. Quem produz e apresenta é o casal da foto, Lourdinha Bezerra e Janjão (às vezes substituído por Heloisa Huhn). Várias sequências: balacobacos da cidade, papo de botequim, lançamentos, etc., sempre dando espaço aos sambistas locais, fazem deste veterano programa um líder de audiência. Quem sintoniza na Rádio Cultura FM - 93.7 - aos sábados de 12h às 14h e gosta de samba, não tem do que se queixar, você escuta de Donga a Diogo Nogueira. Neste clube o papo é samba o tempo inteiro. Lourdinha, minha amiga há muito tempo (desde que ela era aeromoça), conduz este programa há quase duas décadas com muita dedicação e eficácia. Nós, sambistas, só temos que agradecer.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Diego Xavier

Diego Xavier é um dos principais representantes da nova geração de instumentistas paraenses. Começou a tocar na noite com apenas 11 anos de idade. Neto do Mestre Vaíco, que dispensa apresentações, ele já tocou em quase todos os grupos de chorinho de Belém. Atualmente está integrando o Sapecando no Choro, que acaba de lançar um CD.
Diego toca cavaquinho, violão, bandolim, baixo, sanfona e pandeiro, além de cantar muito bem. Em 2007, com muita competência, foi o responsável pela direção musical do meu show "Nas Veias do Brasil".
Sempre solicitado, já participou de inúmeras produções, gravações e festivais. Uma carreira extensa pra quem tem apenas 22 anos. Carisma, humildade e extrema simpatia contribuem para este caminho vitorioso. Parabéns, Diego.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Josimar Monteiro

Pra alguns poucos que não conhecem, este é Josimar Monteiro, paraense, reside há 20 anos no Rio de Janeiro, é músico, compositor, arranjador, produtor, comanda com extrema eficiência a Velha Guarda da Mangueira, que já viajou pra vários países. Reverenciado pelos sambistas de todas as gerações pela dedicação, profissionalismo e, principalmente, a humildade que continua inabalada, apesar do prestígio que alcançou entre os baluartes. Seu estilo ao dedilhar o violão 7 cordas lembra o velho e saudoso Dino. Começou a carreira muito cedo, em Belém, tocou em alguns grupos de samba e chorinho, sua paixão. Acompanhou grandes artistas que passavam pela cidade, Noca da Portela, Noite Ilustrada, Jamelão e outros. No Rio, continuou a trajetória nas bandas de Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, João Nogueira, Bezerra da Silva. Produziu inúmeros CDs, incluindo a trilha sonora do filme Orfeu. Já disputou o Grammy Latino. E recentemente, fez a produção do DVD Velha Guarda da Mangueira, que está sensacional (em breve vou postar aqui) e é um marco na história do samba. Além disso, ele é proprietário do estúdio JM Produções e Gravações Ltda, equipado com o que há de mais moderno.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dona Ivone Lara

Finalmente, aos 89 anos, uma das mulheres mais dignas deste país lança seu primeiro DVD. E pensar que tem tantas duplas sertanejas que já conseguiram gravar mais de sete. O show Canto de Rainha foi gravado ao vivo no Canecão-RJ, em agosto de 2009. Dona de uma voz de dimensões ancestrais, nossa Dama desfila sucessos ao lado de convidados, que vão de Beth Carvalho, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Délcio Carvalho à Velha Guarda do Império Serrano. As canções antológicas "Sonho meu", "Liberdade", "Mas quem disse que eu te esqueço", "Acreditar", "Enredo do meu samba", "Sorriso Negro", "Tiê" e "Tendência" estão no repertório, que  inclui músicas menos conhecidas, como "Não chora, nenem" e "Dizer não pro adeus". Enfim, um registro obrigatório, pra quem curte o velho e bom samba. Vida longa para esta Rainha.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mariza Black

Mariza Black é uma cantora paraense, negra, bonita, elegante, talentosa, conquistou seu espaço no cenário artístico de maneira definitiva com sua simpatia e voz poderosa. A agenda lotada comprova a competência, profissionalismo e repertório de primeira. Ela enobrece o samba em Belém do Pará. Sábado a tarde ela dá o toque de classe ao Pagode da Velha Guarda da Escola de Samba Grande Família, no Telégrafo e depois, a noite,  contempla os frequentadores do Botequim dos Compositores do Império do Samba Quem São Eles, no Umarizal. Domingo ela retorna, a noite, ao Pagodão da Grande Família. Além disso, ela canta no Vitrola, Taperebar, Pagode do Tony e outros. E, de quebra, solta o vozeirão puxando escolas e blocos no carnaval.
Parabéns, Mariza. São pessoas assim, como você,  que "não deixam o samba morrer". Bjsss!

Fala Meu Povo! - 30 anos

Há trinta anos, em 1980, Roberto Ribeiro (melhor intérprete masculino de samba), falecido em 1996,  lançava um disco antológico, da mais nobre linhagem do samba. Sua voz tinha um timbre raro, metálico e original.
Esse disco trazia músicos, arranjadores e repertório de primeira, alternando sofisticação e autenticidade. Infelizmente, nessa época o samba começava a perder espaço para outros gêneros, mas não por falta de qualidade.
"Resto de esperança", de Jorge Aragão/Dedé da Portela abria o leque de variações desse ritmo contagiante, que trazia também  a convidada especial Clara Nunes, cantando a bela "Artifício" de Paulo César Pinheiro/Mauro Duarte. Roberto gravou três músicas dele em parceria com Toninho Nascimento, entre elas o sucesso "Vem". O disco é bom do início ao fim. "Só chora quem ama" é um partido alto sensacional de Nei Lopes/Wilson Moreira. O grande Monarco da Portela criou a pérola "Quem lucrou fui eu". E, pra encerrar o disco, Roberto regravou um dos mais belos sambas de enredo do Império Serrano, "Heróis da liberdade" de Silas de Oliveira/Mano Décio da Viola. É mole ou quer mais?

Livraria Jinkings


A histórica Livraria Jinkings, fixada há mais de quarenta anos no bairro de Batista Campos, onde eu moro, anuncia que vai fechar as portas e passará a fazer parte da extensa lista de livrarias extintas.
A Feira Pan-Amazônica do Livro é um dos eventos literários mais bem sucedidos, isto parece contraditório?
Mas a explicação é simples, os shows musicais, saraus, exposições, mostras de cinema levaram mais de 500 mil pessoas ao Hangar.
As livrarias seguem o mesmo caminho inevitável dos cinemas, se mudaram para os shoppings, além de grande parte da clientela preferir comprar pela internet. Além disso, o fortalecimento do mercado do livro de bolso, vendido em bancas de revistas, a preços acessíveis, é comemorado pelos leitores.
"Mas não posso esconder a tristeza que senti ao saber que mais de 40 mil exemplares serão vendidos por peso, como simples papel, só pra não ter que tocar fogo" - diz D. Isa Jinkings, com lágrimas nos olhos.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Geraldo Jr

Este é meu amigo Geraldo Jr., ele gravou o CD "A Voz do Samba" no Bar São Nunca, em Belém. O lançamento foi dia 04 de junho, na quadra do Rancho Não Posso me Amofiná, numa noite de festa no Jurunas, e levou alguns convidados: Mariza Black, Meio-Dia da Imperatriz, Grupo Fascinação, e eu, né?
O disco traz sambas consagrados de Jorge Aragão, João Nogueira, Fundo de Quintal, e outros. Sucesso pra vc, Geraldo. Estamos juntos.

Sentimento Brasileiro - 30 anos

Em 1980 Beth Carvalho lançava mais um disco de grande sucesso. O título, muito oportuno, era Sentimento Brasileiro e trazia, como sempre, um punhado de sambas deliciosos. A jovem turma do Bloco Cacique de Ramos se fazia presente com Jorge Aragão e Luiz Carlos da Vila em "Herança", e Luiz ainda nos presenteou com o clássico "O sonho não acabou", uma homenagem ao Mestre Candeia. A velha guarda não poderia faltar e Cartola ("Consideração") e Nelson Cavaquinho ("Voltei") deram um toque refinado ao disco, que ainda tinha Monarco, Noca da Portela, Beto Sem Braço e Délcio Carvalho. A música "A chuva cai", de Argemiro e Casquinha foi o hit que levou Beth aos primeiros lugares em vendagens, nesse ano. Mas, pra mim, a música mais importante foi "Chorando pela natureza" dos geniais João Nogueira e Paulo César Pinheiro. E na produção, o homenageado no disco, grande Rildo Hora.
Os músicos, entre outros, eram as "feras"  Dino 7 Cordas, Mané do Cavaco, Neco, Wilson das Neves, Gordinho, Mestre Marçal, Bira "Presidente", Ubirany, competentes e sensíveis deram o auxílio luxuoso ao canto firme, descontraído e cheio de bossa da nossa estrela maior.

Lê Santana

Cantor de voz firme, vibrante e dono de um timbre invejável, o belenense Lê Santana hoje mora e faz sucesso na Cidade Maravilhosa. Integra a ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira e já fez sua primeira turnê internacional. Amigo, simples, humilde, que merece estar neste patamar. Espero que esta carreira vitoriosa se prolongue.

Casa do Gílson

A Casa do Gílson é o que há de melhor. Quem mora (ou visita) Belém e gosta da boa música brasileira não pode se queixar. As noites de sexta-feira são embaladas pelas "canjas" de Andréia Pinheiro, Deoclei Machado, Olivar Barreto lembrando Noel Rosa, ainda tem o bandolim do Marcelinho, o violão do Paulo Moura, o pandeiro do Passarinho e o cavaquinho do Gílson. Sábado é dia do pagode alto nível comandado pelo Grupo Galo Garnizé e convidados ilustres, E domingo, Adamor do Bandolim e Grupo Gente do Choro.
Além da música, o bar apresenta um cardápio pra ninguém botar defeito. Quem ainda não conhece, é bom conferir.

Chico Buarque

Enquanto Chico Buarque não lança sua safra de canções inéditas, compostas ao longo dos últimos seis meses, a Som Livre põe nas lojas a segunda coletânea dedicada ao artista na série Perfil - sete anos após a edição da primeira, sucesso de vendas em 2003. A seleção abrange longo período que vai de 1967 (Quem te Viu, Quem te Vê) a 1992 (Piano na Mangueira, samba ouvido na coletânea em fonograma que teve a participação de Tom Jobim). Aproveito a oportunidade para parabenizar o Chico pelo seu aniversário de 66 anos, ocorrido sábado, dia 19.

domingo, 20 de junho de 2010

Júnior Souza


O show Fina Flor do Samba, em 15 de julho de 2009 no Teatro Estação Gasômetro, que virou CD/DVD, foi uma homenagem dupla. As músicas eram do repertório da Beth Carvalho, nossa Madrinha. E eu aproveitei pra dedicar o show ao Júnior (Makako) Souza, meu cavaquinhista desde o início da carreira, parceiro e amigo de todas as horas, boas e más, um grande caráter, que me enche de orgulho. Valeu!

Carnaval 2009

No desfile do Império do Samba Quem São Eles, em 2009, cujo enredo era "Dalcídio Jurandir" tive a honra de interpretar o belo samba de Osvaldo Garcia ao lado do Rouxinol da Amazônia, Creuza Gomes.

Show

Em 14 de novembro de 2007,  no Teatro Margarida Schiwasappa, meu convidado especial Théo Pérola Negra no show Nas Veias do Brasil.

Martinho da Vila

O CD "Poeta da Cidade - Martinho Canta Noel", recém-lançado pela gravadora Biscoito Fino. O disco marca o reencontro de Martinho da Vila com Elifas Andreato, o artista gráfico que idealizou antológicas capas de discos para o sambista nos anos 70 e 80. Ao retratar o já centenário Noel para o álbum de Martinho, Elifas reverencia a arte do caricaturista Nássara (1910 - 1996), cujo centenário de nascimento também está sendo festejado em 2010. Já está nas boas (e poucas) lojas do ramo.

Beth Carvalho

"Se eu tivesse que inventar uma cantora, ela haveria (naturalmente) de ter uma voz muito bonita. Depois, eu a treinaria bastante para cantar bem, aprendendo os segredos da colocação da voz, das divisões, da respiração, da empostação, da naturalidade, essas coisas que se aprende na escola. Mais tarde, diria a ela que isso tudo não basta. Uma cantora não é um instrumento musical. É uma pessoa, um ser humano e é fundamental que isso fique claro quando canta. As emoções, a tristeza, a alegria, a depressão, a angústia, tudo isso que uma música popular propôe tem que ser transmitido na hora de cantar. Depende muito dela que a música não seja raspada de suas sensações quando é transmitida. E diria finalmente para cantar as coisas que vêm do povo. As músicas feitas pelos gênios do povo, impregnadas de talento e limpas das ambições comerciais e da neurose da novidade, tão próprias dos compositores de classe média. Sugeriria que ela servisse de ponte entre a cultura popular e o consumo, não deixando que o objetivo prejudicasse a origem. Teria que ser, portanto, uma cantora de muito talento. Beth Carvalho me poupou este trabalho. Ela já existe."

Sérgio Cabral